Rio em Chamas
Direção: Daniel Caetano, Eduardo Souza Lima, Vinícius Reis, Cavi Borges, Diego Felipe Souza, Luiz Claudio Lima, Ana Costa Ribeiro, Ricardo Rodrigues, Vítor Gracciano, Luiz Giban, Clara Linhart e André Sampaio (2014)
Um clipão dos protestos de 2013/14, por Carlos Alberto Mattos
Tentando encontrar um cinema vândalo, por Filipe Furtado
Um clipão dos protestos de 2013/14
por Carlos Alberto Mattos
Rio em Chamas ora se refere a si mesmo como um filme, ora como uma manifestação. Acho a segunda opção mais adequada. Imagino a trabalheira de Daniel Caetano para fazer a edição final de um material tão heterogêneo e déja-vu. No fim das contas, trata-se de um clipão dos protestos dos últimos 12 meses no Rio de Janeiro, pontuado por algumas performances de rua e conversas nas quais personagens da cultura da cidade tentam inventariar e interpretar a onda de insatisfação que surpreendeu a quase todos.
Lá estão os embates entre manifestantes e policiais, editados de modo a que só a violência policial apareça. Lá estão a greve dos professores, o cerco a Cabral, o desaparecimento de Amarildo, a morte do dançarino DG, etc. Se alguém merece destaque nos créditos é o cinegrafista-ativista Tamur Aimara, filho de Liège Monteiro e Neville D’Almeida, autor da maioria e das mais desbravadoras imagens reunidas.
Quase tudo aquilo a gente já viu na TV ou na internet, sem que os comentários pontuais sirvam para fazer avançar a compreensão dos fatos. Tampouco houve interesse em identificar nomes, lugares ou datas antes dos créditos finais, o que acaba gerando indiferenciação entre os materiais.
Aparentemente, a proposta desse trabalho coletivo, entre a mera reprodução e a canhestra tentativa de análise, não era mesmo trazer novos ângulos para a discussão, nem muito menos gerar um novo fato político. A passagem das telinhas de celular e da TV para a telona do Odeon é talvez o maior passo que ele possa dar.
>> Publicado originalmente no blog carmattos em 31.5.2014.
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